Inexorável
sexta-feira, dezembro 31, 2004
Feliz Ano Novo
Ano Novo
A noção de fim ou início de um ano-calendário tinha pouca importância para os povos antigos cuja sobrevivência dependia do clima e das variações do fornecimento de alimentos.
No antigo Egipto o ano era determinado pela cheia do rio Nilo, na Babilónia pelo início e fim da colheita; no império greco-romano, a renovação da natureza na primavera assinalava o começo do Ano Novo em Março, enquanto os celtas consideravam o sabbat Samhaim no dia 31 de Outubro como marco entre a metade clara e escura do ano e que representava a véspera do Ano Novo. Na China, até hoje o Ano Novo é assinalado pela Lua Cheia do mês de Fevereiro, na Índia as datas variam de acordo com a região geográfica, e na Oceânia são as Plêiades que anunciam um novo ciclo com a sua aparição.
Muitos povos agrícolas e nómadas determinavam o seu ciclo anual em função dos movimentos da Lua. Os mais antigos calendários eram os lunares, porém, com o passar do tempo, as autoridades religiosas acrescentaram mais meses além dos treze iniciais. Devido às divergências nos cálculos e critérios adoptados, surgiram calendários mistos soli-lunares, e finalmente, a maior parte dos países adoptou o calendário solar. O mais antigo destes sistemas de medir o tempo pelo movimento do Sol foi criado pelos egípcios em 4236 a.C., que dividia o ano em 36 grupos de 10 dias, mais cinco suplementares dedicados às festas, e acrescentando mais um dia a cada quatro anos.
Na Europa o calendário solar Juliano, começando o ano em Março, foi criado por Júlio César em 46 d.C. para corrigir as dificuldades com a contagem das lunações. Enquanto o calendário egípcio dedicava os cinco últimos dias anuais para as festividades, o sistema europeu distribuiu esses dias ao longo do ano e criou o ano bissexto. A consequência desta divisão foi um erro acumulado de oito dias ao longo de mil anos. Para corrigir este erro o Papa Gregório XIII criou o seu calendário, o Gregoriano, em 1582, abolindo dez dias, rectificando os anos bissextos de acordo com o ano trópico e mudando a data do início do ano de Março para o primeiro de Janeiro, bem como antecipando o Natal, de 6 de Janeiro para 25 de Dezembro. Este foi o calendário adoptado pelo mundo ocidental, mas alguns países de religião protestante rebelaram-se contra a decisão do Papa, e aceitaram somente este calendário no século XVIII, o que criou várias confusões entre as datas dos calendários “estilo” antigo e novo.
No Oriente as celebrações do Ano Novo diferem de um país para outro. No Japão existe um assim chamado Ano Novo Maior e outro Menor, o primeiro calculado pelo antigo calendário chinês e festejado durante os primeiros sete dias do primeiro mês do ano. As pessoas usam roupas novas, visitam-se e trocam presentes entre si. Os altares do Xintoísmo são decorados com flores e recebem várias oferendas. São servidas comidas tradicionais à base de arroz, regadas a sakê. O Ano Novo Menor é associado a datas agrícolas e suas celebrações envolvem magias simpáticas para proporcionar boas colheitas como encenações ritualistas do acto de plantar e colher, oferendas de bolo de arroz modeladas em formas de produtos agrícolas, ferramentas e animais, e também encantamentos para espantar as aves de rapina e insectos predadores.
Na China o festival de Ano Novo ocorre em Fevereiro, na sua primeira Lua Cheia. As casas são cuidadosamente preparadas, as lojas fechadas, as dívidas pagas, os ídolos de papel são trocados e as faixas de papel vermelho são pintadas com ideogramas de saúde, boa sorte, abundância, felicidade e protecção contra os maus espíritos. A cor vermelha que representa sorte predomina nas decorações e nas roupas. Oferendas são feitas para as divindades e para os ancestrais, as pessoas tocam címbalos e tambores (o barulho é essencial para espantar os azares e as doenças), soltam fogos de artifício e fazem procissões com lanternas.
Na Índia o festival marca a virada do ano no solstício de Inverno. Em um período de purificação cerimonial nos rios sagrados e na peregrinação para os templos, levando oferendas e orações. O gado é enfeitado com grinaldas de flores e as pessoas se alegram com danças, músicas, presentes e comidas tradicionais.
Os nativos-americanos têm comemorações diferentes, de acordo com a tribo e a data escolhida, variando de Fevereiro (para os Séneca), Novembro (para os Hopi), e o solstício de Inverno (Pueblos). Os fogos são acesos, pessoas mascaradas andam de casa em casa, os xamãs limpam os doentes com cinza e fumaça de ervas e as mulheres salpicam água nos passantes. Os erros são confessados nos conselhos de anciãos e oferendas de fumo e fubá são feitas para as divindades da Terra e do Céu. Os Hopi e os Pueblos realizam os ritos de passagem para iniciar os jovens no mundo dos adultos e celebram o retorno dos Kachinas (espíritos ancestrais da Natureza) durante o festival Soyal e Wuwuchim.
Os antigos festivais ocidentais de Ano Novo encenavam a regeneração e recriação do mundo. O tempo parava e começava de novo, as pessoas podiam iniciar um novo ciclo, virando a página para recomeçar. Com as mudanças do calendário (antecipando o Ano Novo de Março para Janeiro) foram reactivadas as antigas memórias dos festejos romanos da Saturnália. A origem da Sartunália é obscura, mas era a festa mais popular da antiga Roma, quando todos “enlouqueciam”. O Velho Ano morria, e antes que o Novo nascesse havia um intervalo de caos, quando o tempo era suspenso, as leis civis e morais abolidas, os prisioneiros liberados e todas as orgias permitidas. A autoridade representada por Saturno – o implacável Senhor do Tempo – era substituída pela licenciosidade do Rei da Desordem (um jovem escolhido para este papel) que incitava a todos para transgredirem as regras. No fim das festas ele era sacrificado no altar do Deus Saturno. Havia também o controle simbólico entre homens representando o velho e o novo ano, finalizado com rituais de expurgo dos resíduos do passado e purificações. A Saturnália, após doze dias de Carnaval, terminava com Sigilaria, quando as crianças recebiam presentes.
Festivais parecidos ocorriam também em Creta, Grécia, Ásia (na Babilónia, os doze dias de Sacaea representavam a luta entre o caos e a ordem, o bem e o mal, o Inverno e o verão).
Reminiscências destes antigos festivais sobreviveram nas festas de fim-de-ano dos países europeus. Os povos celtas celebravam no sabbat Samhaim o mesmo conceito de caos e reversão da ordem normal, acrescentando rituais específicos para reverenciar os ancestrais, práticas mágicas e de adivinhação para atrair amor, fertilidade, boa sorte, saúde e abundância para o ano novo. São algumas destas características que persistiram nas festas Halloween, como nas brincadeiras das crianças pedindo doces ou se fantasiando de fantasmas e nas tradições dos bailes de máscaras.
Na Roménia, os antigos costumes herdados dos dacos e romanos sintetizavam a mescla da tradição pagã e cristã. Matavam-se porcos (representação zoomorfa do espírito dos grãos), preparam-se comidas tradicionais de cereais, festejava-se a transição da morte para a vida e realizavam-se danças típicas com máscaras e encenações rituais. A meia-noite parava-se o relógio e apagavam-se as luzes, para que, ao acende-las, a explosão de alegria e os brindes marcassem o renascimento e a renovação. As mulheres usavam encantamentos e adivinhações para propiciar felicidade amor e saúde.
Na Espanha, até hoje, as famílias costumam se reunir na véspera do Ano Novo para trocar presentes e comer doze uvas, antes do relógio anunciar a passagem do ano, para atrair boa sorte e a felicidade.
quinta-feira, dezembro 30, 2004
Tsunami
Na definição do géologo português Jorge Cruz, tsumani «é uma onda solitária provocada pelo deslocamento de uma grande massa de água, que se move a várias centenas de quilómetros por hora». Só pode exitir um tsumani se o epicentro do sismo ocorrer debaixo de água. «É como quando deixamos cair uma pedra dentro de uma bacia com água e se forma uma onda circular.»
quarta-feira, dezembro 29, 2004
Belo
Funeral Muçulmano
Para o funeral, a rapidez é uma das regras: quem morre de manhã deve ser enterrado antes do anoitecer; quem morre à noite deve ser sepultado na manhã seguinte.
Outro ponto importante é o banho ritual ("ghusul"): o corpo é banhado um número ímpar de vezes, uma tarefa feita pelos familiares do mesmo sexo do morto. No entanto, se um morto for um mártir ("shahid", o que morre na defesa da sua fé ou em luta contra os infiéis), este ritual é dispensado e o morto é enterrado com as roupas que vestia.
O corpo é depois envolvido num lençol branco e levado numa espécie de padiola - os caixões são de evitar a não sei que sejam completamente indispensáveis, por o terreno estar demasiado húmido ou as terras muito soltas. O morto é coberto por um pano branco ou verde
A sepultura deve ser funda, a cerca de um metro e meio, e o serviço fúnebre costuma ser simples. É feita uma oração em que se pede perdão pelos pecados; no caso dos mártires e crianças a oração fúnebre não inclui este apelo, já que as crianças não são consideradas responsáveis pelos seus actos e os mártires consideram-se absolvidos. "
O que falta aqui dizer é que esta é uma cerimónia unicamente aberta aos homens!
Saudade em Chinês
Yi Shi di shang shuang
Ju tou wang ming yue
Di tou si gu xiang
Quando a lua brilha diante da cama
cogito se não é neve no chão levanto a cabeça,
vejo o brilho da lua abaixo a cabeça,
contemplo a terra natal
Li Bai (701-762) - Dinastia Tang - nasceu em Suiye na Ásia Central. Seus ascendentes haviam sido banidos dali pelos governantes de Sui.